segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Néctar



Fui uma abelha
sem querer.
Fui um poeta entre nós dois
e isso só trouxe desconsolo.
Digo uma abelha
porque você foi a flor
cujo néctar eu extraí como pude.
Matéria prima total,
seu fluido era todo lírico.
Fiz de nós o espaço e o poema
e isso nos matou aos poucos.
Tive fome.
Minha colmeia não se acabou,
é uma empresa eterna.
Você sorriu em flor e nada temeu.
Isso é belo, ainda que triste.
Nenhuma abelha pode escolher amar jamais:
o néctar é tudo
a obra é a sua vida.

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© Odisseia do adeus
Maira Gall