À sombra da amendoeira, no alto do
morro
Vovó, Dona Maura, Tia Tita, Mamãe
Quão doce era a verborragia
cotidiana...
O mundo se me revelava tão prontamente!
Nas tardes tórridas em que mesmo o
poeta fecharia os olhos
Para repousar sob a salvaguarda
daquelas folhas ruivas.
A saudade é rubra!
Tenho também o coração vermelho
daqueles dias
Nos quais minha voz era mero
balbucio
E meu rosto um simples ensaio do que
nunca me tornei.
Tenho os lábios corados e a pele se
me escapa
O pensamento cetrino tinge o
horizonte do que fui.
Minhas palavras saem daquelas bocas
semicerradas
E fico sendo o último apelo de Vovó
antes de escurecer
Ou o céu cujo escarlate esparramado
precedia as dezoito.
Fico sendo a meiguice de minhas
irmãs ainda moças
Ou o riso do meu primo em sua
infinita pilhéria.
Saudade purpúrea...
Sofrem em mim os passados de todos!
E se me tornam cantos e choros de um
girassol carminado
E dão seiva à rosa encarnada que
nascerá amanhã
Cujo sangue sustenta meu íntimo
carmesim
O centro oculto de um destino
Meu contínuo e sincero coração de
menino.
Nenhum comentário
Postar um comentário