segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Confusa mecânica dos astros em seus olhos



Ai, as suas maneiras se embaralham
Não há humor que suporte essa rudeza transladada
O seu jogo temperamental e injusto.
Meu peito sendo a terra
O seu, a lua
E essa coisa da nutação que é também sua façanha
E que faz oscilar meu eixo, orientando-me a você
Sendo que tudo o que te faz ser o que é
É a coisa caprichosa e seca da lua sozinha
Contraposta ao rubor gigante disto que sou eu
A terra, infinitamente habitada de ardor.
Tão pequena, lua orbitada
Gira influente a me deslocar
da eternidade cêntrica jamais consolidada.
O jeito obtuso com que me aborda
A forma global com que me satisfaz
A trama fugaz com que se personalizam as luzes
de seu mais profundo olhar perdido.
Nada me torna capaz de deter um feixe sequer
E somente na noite me ilumino por um segundo
disso tudo que é seu e perpetuamente distante
E que sendo distante vive perpetuamente contido.
Alcova, montanha altíssima!
Há uma coisa que me puxa e empurra
E as leis ainda não dominaram a força inapelável
desse instante de amor.
Há uma coisa grave, que não sendo gravidade
ainda move os salões do tempo para além dos rumores
desconhecidos...
O infinito do espaço se apequena e eu vejo
Eu vejo nas reentrâncias de seus olhos
um grito de lua
E talvez os medos cessem e os mares flutuem
E venha por aí um alinhamento qualquer
E talvez...

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© Odisseia do adeus
Maira Gall