sexta-feira, 13 de março de 2020

Impasse lírico

Não há coalizão íntima
na vida que anima o poema.
Entre a raiva e o amor
o lastro délfico persiste
e a beleza não se ofusca.
Um andar triste,
uma incerteza,
uma paisagem marejada.
Fabulo minha salvação
em busca de alguma bondade.

"Não acordar a palavra",
ensina o mestre Firmino Rocha.
Mas, e agora?
Que faço do solilóquio imenso
cujo estampido se sente
em minhas orações?
E agora?
Que faço da ladainha perene,
choro do coração,
a minha eterna prece?
E agora?
© Odisseia do adeus
Maira Gall